Cólica intensa pode ser endometriose?

02/10/2024

Por Dra. Nathalia Posso

Sentir cólicas intensas todos os meses não é normal. Muitas mulheres queixam-se de dor pélvica antes, durante ou após a menstruação, no entanto, menosprezam tal sintoma por acreditarem que essa dor faz parte da fisiologia da mulher. Por isso, essas mulheres não procuram atendimento médico, tornando difícil diagnosticar doenças que causam dor pélvica. É fundamental ir ao ginecologista logo nos primeiros sintomas, pois entre as principais causas de dor pélvica crônica está a endometriose. 

A endometriose acomete cerca de 10% das mulheres em idade fértil, sendo uma doença bastante prevalente. A endometriose consiste em focos de endométrio fora do útero, sendo os locais mais comuns: superfície uterina, ovários, bexiga e intestino. Durante o período menstrual, tais focos de endométrio são estimulados, causando inflamação e dor. A mulher que sente fortes dores na pelve pode ter comprometimento na realização de suas atividades da vida diária, como trabalho, estudos, atividade física. Além disso, pode levá-la inclusive a emergências em busca de medicações cada vez mais fortes para sanar a dor. 

Os principais sintomas são dismenorreia (cólica menstrual), dor pélvica crônica ou dor acíclica (fora do período menstrual), dispareunia de profundidade (dor na relação sexual, durante a penetração profunda), alterações intestinais cíclicas (distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipação, disquezia e dor anal no período menstrual), alterações urinárias cíclicas (disúria, hematúria, polaciúria e urgência miccional no período menstrual) e infertilidade. 

O diagnóstico precoce é importante para início do tratamento o mais rápido possível, diminuindo o quadro inflamatório causado pela doença. O exame físico realizado por um ginecologista capacitado é fundamental na suspeita clínica de endometriose para o diagnóstico clínico da doença. Além disso, existem exames que podem ser realizados para melhor elucidação do quadro como: ultrassom transvaginal com preparo intestinal, ressonância magnética da pelve e videolaparoscopia. 

O tratamento da endometriose é multifatorial, não devendo ser restrito ao uso de sintomáticos. A mudança de estilo de vida, com adoção de hábitos alimentares saudáveis e atividade física regular, como forma de desinflamar a pelve dessa mulher é o pilar do tratamento. Dessa forma, o acompanhamento deve ser feito não só com ginecologista, mas também com nutricionista e educador físico. 

O tratamento clínico é eficaz no controle da dor pélvica e deve ser o tratamento de escolha na ausência de indicações absolutas para cirurgia. Os principais objetivos do tratamento clínico são o alívio das dores e a melhora da qualidade de vida. Suspender a menstruação é fator primordial no tratamento, o que pode ser conseguido com medicações e uso de dispositivos intrauterinos e implantes hormonais. Também são utilizados analgésicos e anti-inflamatórios para o controle da dor. Além das medicações, o uso de suplementos anti-inflamatórios e antioxidantes também faz parte do tratamento clínico. A cirurgia está indicada em alguns casos particulares que devem ser analisados individualmente.

A endometriose é uma doença crônica, sendo necessário o acompanhamento durante toda a vida reprodutiva da mulher. Os primeiros sintomas podem aparecer na adolescência, inclusive logo após a primeira menstruação. A principal complicação da doença é a infertilidade, portanto, o diagnóstico precoce e o tratamento assertivo são fundamentais para evitar desfechos negativos.

 

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